quinta-feira, 19 de maio de 2011

Audiência Pública para debater Políticas Pedagógicas Anti-Bullyng


 
Nesta quarta-feira (18) a Câmara Municipal realizou audiência pública para debater a política antibullying dos educandários da rede pública da cidade, por solicitação do vereador Vânio Salm (PT). Nas manifestações de todos os convidados, ficou patente a preocupação com o crescimento da violência escolar. A união de esforços de todos os segmentos da sociedade na busca de soluções foi observada nas palavras dos profissionais que participaram do encontro.


 Ao lembrar que o problema vem se disseminando no mundo, o vereador Vânio Salm, mostrou pesquisa sobre violência escolar realizada no Brasil em 2010 entre mais de 5 mil estudantes. “A maior incidência de maus tratos está na faixa etária de 11 a 15 anos, de 5ª a 8ª séries, os meninos se envolvem com maior frequência e 1/3 dos estudantes já sofreram algum tipo”, disse. Ele ouviu relatos nas escolas de Blumenau confirmando os dados. Também observou que a carência afetiva, ausência de limites e maus tratos por parte dos pais são os principais causadores do problema. O vereador lembrou projeto apresentado no Legislativo, com o propósito de reduzir a prática da violência dentro e fora das escolas.

 
 SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO

O projeto que cria políticas anti-bullying no município, de autoria do vereador Vânio Salm mereceu apoio do Secretário de Educação, Osmar Matiola. Para ele, o tema principal da agenda escolar de 2011: “Educação, um caminho para paz”, mostra que a rede municipal de ensino está preocupada com aumento da violência na cidade, que também está nas escolas. Matiola comentou que a agenda traz esclarecimentos sobre: o que é bullying, como reconhecer e como denunciar. “A questão não será resolvida com contratação de seguranças armados ou instalação de detectores de metais nas escolas”, acredita. Ele avaliou que a direção deve ser abrir o espaço escolar para ações que o município já vem fazendo, como: “agita férias”, “escola aberta”, “escola de tempo integral”. “A Secretaria já oferece, há vários anos, orientação para prática deste fenômeno nas escolas”, disse. Segundo ele, desde 2006, 17 mil alunos e oito mil professores participaram de palestras sobre o tema. O secretário alertou ainda que as redes Estadual e privada também devem participar desta discussão.
 

PROMOTORA

Para a promotora de justiça da Infância e Juventude, Kátia Rosana Pretti Armange, não é apenas a judicialização do ato infracional que vai resolver o problema. “O MP encontra fundamento para suas ações tanto na Constituição Federal como no Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas, apenas a aplicação do ‘ECA’, não vai melhorar a situação, por ser mais difícil do que um simples processo judicial”, disse. Ela lembrou que o MPSC lançou a campanha “Bullying, isso não é brincadeira” para frear o comportamento agressivo nas escolas. Conforme Kátia Armange “o bullying sempre existiu e hoje está potencializado, porque o próprio Estatuto da Criança foi equivocadamente interpretado. Passamos por uma fase em que a criança pode tudo e quando a família não consegue controlar, vai para o Conselho Tutelar”. A promotora enfatiza que a criança tem direitos na escola, mas deve respeitar as normas. “No MP a primeira coisa que tento fazer em caso de denuncia de bullying é conciliar, porque os envolvidos irão continuar convivendo. Não conseguindo, são adotadas as medidas sócio educativas estabelecidas no ECA”. Por fim, apresentou algumas propostas, como a formação de grupos de apoio para enfrentar o bullying e a evasão escolar, integrada por psicólogos, educadores e orientadores, bem como introduzir regras mais claras de disciplina nas escolas. Também sugeriu programas de apoio a família.


COORDENADORA

Para a coordenadora de ações de saúde escolar na gestão do cuidado, da prevenção e da proteção, Liane Koffke, nem tudo é bullying. “Esta prática é repetitiva e agressiva. Temos que tomar este cuidado”, afirmou. Segundo a professora, a violência com as crianças e adolescentes é decorrente de uma violência social maior. “Precisamos elevar o padrão ético e moral do país. A sociedade que não se organiza para garantir direitos é omissa. A criança é cidadã. É o futuro da sociedade brasileira. O que precisamos é conscientizar e fazer o enfrentamento deste problema. O silêncio só beneficia a própria violência. Precisamos de mobilização de todos os cidadãos pelo caminho da esperança”.


 PSICÓLOGO

Na década de 90 os ingleses foram os primeiros a perceber o bullying, ao investigarem os motivos “fúteis” pelos quais crianças e adolescentes se suicidavam. A informação foi transmitida pelo psicólogo Claudemir Casarin. Ele definiu o bullying como a violência psicológica covarde e desmedida que pode ou não vir com agressões, tendo como característica principal a humilhação. Ainda relatou que a diversão predileta de um bullying player é assistir ao sofrimento alheio. “O praticante de buling, que é o agressor, aprendeu a ter prazer na dor do outro, o que é o mais perigoso de um adolescente aprender quando está em formação”, observou.

Casarin demonstrou contentamento pela prática estar chamando atenção da classe política. No entanto, refletiu ainda ser tímida a participação da parte agressora e dos familiares no centro do debate de ações que visam eliminar o bullying do ambiente familiar. Entre os efeitos psicológicos de quem sofre a prática ele citou: perda de auto-estima, quadros de estresse, mudanças de humor e até mesmo o suicídio. E disse que, no agressor, pode provocar a falsa sensação de poder e invulnerabilidade. Também podem ocorrer diversos sintomas físicos no agredido. “Bullying não tem haver com personalidade, mas com educação”, apontou. Para Claudemir a única forma de lidar com o bullying é não tolerar nenhuma prática de violência na escola e envolver sempre alunos, professores e pais.


CONSELHEIRA TUTELAR

A representante dos Conselhos Tutelares Centro e Garcia, Anelize Termann Schlosser, parabenizou a iniciativa da Câmara de Vereadores. De acordo com ela, o bullying existe há muitos anos. “É um problema antigo. A diferença é que agora tem mais destaque pela mídia. A melhor forma de preveni-lo é realmente debater sobre ele. É necessário criar medidas de conscientização, prevenção e combate ao bullying”. Estado, sociedade e família são os que podem combater este mal, segundo Anelize. “A escola também tem papel fundamental na educação. Outros poderes públicos ainda precisam estar envolvidos neste processo, como Ministério Público e Polícias Militar e Civil. Todos devem agir juntos, cada um cumprindo o seu papel”.

Algumas características, conforme Anelize, podem caracterizar uma vítima de bullying. “A criança ou adolescente começa a ter um baixo rendimento escolar, ficar calada ou ter reações explosivas. São indicativos fortes de anormalidade”, assegurou. Em seu discurso, a conselheira apresentou um vídeo de conscientização, intitulado “Cuida de mim”.



GERENTE REGIONAL

Vera Fagundes, representante da Gerência Regional de Educação, afirmou que o curso de formação de professores sempre debate o tema. “Tem se oferecido boa formação aos professores. No ano passado, foi oferecida formação aos gestores escolares para discutir o projeto político pedagógico, que é um assunto inesgotável. É uma grande complexidade que envolve a problemática social. Sem a participação da família, este tipo de problema, como bullying, jamais será superado”.


 POLICIAL CIVIL

O policial civil e palestrante Antônio das Neves Filhos, sugeriu um seminário para discutir as políticas públicas para o setor, citou algumas iniciativas que estão sendo desenvolvidas com sucesso e desafiou instituições e organizações a apresentar proposições. Também considerou que deve haver maior cooperação entre as universidades e as escolas. “Hoje vejo as universidades caras e afastadas da comunidade. Deveriam estar mais junto da comunidade”, comentou. Neves propôs ainda a implementação do projeto “Conciliando”, voltado a treinar professores e alunos para identificar a pratica do bullying. “Quando se quer, se faz. Acho que estamos perdendo tempo em buscar a solução lá fora, quando devemos começar pela nossa escola, pelo nosso bairro, pelo nosso município”, completou.


 UBE

Ter a participação dos alunos nas discussões sobre bullying é fundamental de acordo com o representante da União Blumenauense dos Estudantes, Jean Volpato. “As políticas públicas são essenciais para os alunos e acho importante que eles deem sua opinião”, afirmou. Ele enfatizou ainda que a escola tem papel preponderante neste contexto. “Temos que pregar valores, não somente de tolerância, mas de respeito. E é importante ouvir o estudante”, avaliou. Jean apontou que para combater o bullying devem ser encontradas soluções que ataquem diretamente o problema. “O bullying é um assunto sério e se não agirmos agora talvez seja tarde”, declarou.

  

 UCES

Denner Willian, da União Catarinenses de Estudantes Secundaristas, considerou a discussão importante para a formação de novas políticas públicas. “O bullying está em toda parte e muitas cidades já regulamentam a questão, ao contrário de Blumenau. Precisamos mudar esta cultura atrasada, do medo, do mais forte e enfrentar a realidade. Precisamos agir diferente com os diferentes”. Também lembrou haver falta de material educativo e defendeu novos instrumentos que garantam a paz de todos.

 
Professores Estaduais ganham espaço na Audiência para reivindicações.


 








A audiência pública para discutir políticas antibullying, ocorrida nesta quarta-feira (18) no Legislativo, abriu espaço para ouvir a mensagem dos professores da rede estadual que participam de greve pela aplicação do piso salarial da categoria. O professor Sandro Cifuentes utilizou a tribuna para solicitar apoio da Câmara Municipal na aplicação do piso do magistério “sem mexer em tabela, nem retirar os direitos dos professores. É importante compreender que a última valorização do magistério público Estadual foi de 1%, em 2003”, ressaltou.

        

VEREADORA

A vereadora Helenice Luchetta (PSDB), como professora, afirmou que o bullying hoje é um problema social. “Para tanto, não cabe só a escola resolvê-lo. As famílias também têm que cumprir o seu papel”. A vice-presidente da Casa acredita que se as práticas pedagógicas tornarem-se lei, a prática será amenizada. “Vamos lutar para isso, finalizou”

Quanto ao protesto dos professores, a tucana defendeu a classe. “O piso salarial nacional é o mínimo de respeito que nós queremos. Eu acredito que nós teremos, porque lei tem que ser cumprida. Não podemos perder tudo aquilo que já conquistamos, através de muitas lutas. Falo isso porque sou professora e tenho dois filhos professores. No ano passado fiz uma moção de apelo ao governo do Estado para que na cidade se cumprisse a lei do piso salarial”.




segunda-feira, 16 de maio de 2011

JUBILEU DE PRATA DA ASAPREV

O Vereador Vânio esteve sexta-feira(13) na comemoração dos 25 anos de fundação da ASAPREV. Estiveram presentes vários representantes da comunidade blumenauense.